Dia 20 de novembro marca da data de morte do maior líder negro do Brasil. Zumbi virou referência na luta contra a opressão e preconceito. Passados 325 anos, a batalha do guerreiro afro-brasileiro segue nas ruas em busca de dias melhores.

Segundo o IBGE, os herdeiros de Zumbi representam atualmente no Brasil, mais de 56% da população, mas menos de 20% dessa soma está entre aqueles considerados os mais ricos do país.

Quando se olha essa situação com lentes de aumento é possível observar que ainda existe um abismo que divide negros dos brancos.

Na política os negros ainda conseguem espaço em cargos eletivos, que contam com apoio de base periféricas, como é o caso de vereadores. Mas quando o patamar é elevado a situação é outra. Os negros são minoria absoluta no congresso nacional. Entre os 27 Estados da federação não existe nenhum negro governador. O único presidente negro foi Nilo Peçanha, em 1909.

Uma disparidade que tem muita relação com o acesso à educação. A inclusão do ensino fundamental para negros melhorou nos últimos 15 anos, isso é um fato de grande relevância. Mas ainda existe uma barreira na educação de nível superior. Tanto em faculdades públicas e privadas, quanto maior a concorrência dos cursos, menores são as chances dos jovens negros.  Alguém aí sabe o nome de 5 médicos negros?

Essa exclusão ou falta de oportunidades aliadas ao preconceito deram origem ao movimento ativista internacional Black Lives Matter (Vidas Negras Importam). Depois da morte brutal de George Floyd, os manifestos saíram dos guetos americanos, ganharam as ruas das principais cidades dos EUA e mundo, inclusive nas terras tupiniquins.

É possível mudar essa realidade? Sim, desde que o foco seja Brasil, sem distinção de raça, credo ou posição social. A frase lembra uma utopia, mas pode virar realidade partir do momento que a sociedade entender que o motor do desenvolvimento roda movido por várias engrenagens.

José Vlademir Ribeiro Marcondes é presidente do Sipros e professor de matemática das redes municipal e estadual.